Vida de viagens vs Vida real

Há 2 semanas, uma amiga disse-me que não conseguia relacionar Daniela, a pessoa de verdade com Daniela, a blogger e Instagramer. Não foi a primeira vez que alguém me disse algo assim.

Estas plataformas online são muito úteis para partilhar e promover coisas, no entanto, temos tendências a passar uma imagem perfeita de nossas vidas. Por exemplo, eu tento sempre motivar e mostrar uma imagem de mulher forte nos meus artigos mas a verdade é: eu não sou melhor que os outros e também eu me questiono e choro sobre as decisões que tomo.

Hoje, trago-vos 2 páginas do meu diário. 2 páginas que escrevi em Maio de 2018.

Finalmente cheguei a Brisbane para visitar uma amiga. Como ela disse ontem quando cheguei: há 7 anos que não nos víamos. Estudámos juntas em Paris em 2011. E a vida mudou muito desde então; Fiz tantas coisas …

Ontem foi estranho de novo. Abraçar a minha amiga, chegar com minha mochila e nada mais do que um sentimento de liberdade que só a estrada nos dá.  

Por outro lado, às vezes sinto-me cansada. Às vezes, só queria ter o meu próprio lugar e ser feliz como meus amigos são. Viajar mudou tanto a minha mente que cada vez mais se torna difícil de aproveitar plenamente as coisas e ser feliz. Quando já viste e experimentaste tanto, às vezes, é difícil relacionares-te com os outros – as pessoas não me entendem (ou eu não as entendo a elas). 

Ontem ver a minha amiga com alguém deixou-me um pouco triste porque também eu gostaria de estar naquela situação: ter uma vida estável, uma casa, um namorado… No entanto, sempre que encontro alguém, fujo! Tenho medo de me apaixonar. O amor já mudou a minha vida várias vezes e o meu coração já sofreu muito. Hoje tenho medo. Medo de estar com alguém e de me abrir completamente a alguém.

O meu sonho dos EUA continua na minha mente mas sinceramente já não sei o que fazer. Continuo a adiar a minha vida por algo que parece não funcionar. Os meus amigos dizem que vou conseguir mas os meus exames mostram-me que não. É frustrante, cansativo e estou a perder a fé e a força para me dedicar a isto. Enquanto isso, continuo a viajar. Continuo a tentar encontrar-me sem saber para onde ir.

Não me sinto em casa em Portugal. E tenho medo de voltar onde (Paris) costumava estar; Tenho medo de encarar os que eu costumava chamar de amigos.

Conheci tantas pessoas incríveis na estrada mas sempre que pergunto como estão, descubro que elas seguiram em frente. Elas encontraram os seus caminhos e eu pareço ser a única que continua na estrada à procura de algo que nem sei o que é.

Quero fazer o meu mestrado, comprar uma casa, ter filhos, viajar pelo mundo e ter um emprego numa multinacional. Mas ao mesmo tempo, não sei como me organizar e me esforçar para isso. 

Partilhem comigo as vossas dúvidas e indecisões. Quero muito saber mais de vocês. E já sabem, sempre que se sentirem “perdidos”, leiam este artigo! E lembrem-se: nunca estão sozinhos, nunca mesmo. : D

Beijinho,

Daniela