Ela mandou-me uma mensagem no Instagram há uns meses a convidar-me para falar do meu mochilão. Mais tarde, convidei-a eu para ela me contar mais sobre a história dela. Aqui está a Teresa, a menina que estou na mesma faculdade que eu, o mesmo curso que eu e que o Instagram juntou… Pelo amor que ambas temos pela viagem, pela aventura, pela forma inquieta de viver. Eu fiquei maravilhada com forma humilde como a Teresa descreve cada estado da sua vida; cada dificuldade; cada sentimento e cada dúvida… Curiosos?
- Nome: Teresa André
- Naturalidade: Tomar, Portugal
- Idade: 25 anos
- Profissão: Gestora de conteúdos digitais I A terminar uma certificação em Coaching
Fala-me um pouco de ti…
Ando a caminhar a passos largos para encontrar a minha vocação, o meu propósito. Já trabalhei numa multinacional e em 2 agências de comunicação. Quando ando a descobrir mais do mundo, escrevo no meu blog de viagens nowtrip.pt. Mas tudo isso não me representa, não me define. Somos sempre mais que a nossa ocupação e estamos em constante mudança. E, para mim, isso é tão bom.
Se tivesse que me definir seria algo como “espírito livre e adepta ferrenha da aventura e do saí da rotina”. Tento fugir das tendências, do comportamento em massa, do tem que ser. Gosto de pensar que as minhas qualidades estão ligadas à capacidade de adaptação, à vontade de querer ser e ver mais de mim e do que há por aí. Mas nem sempre pus a minha vontade acima das ambições alheias, dos pré-projectos da sociedade.
Já tentei encaixar-me na sociedade, já segui a multidão enquanto me convencia que devia manter-me na linha. A linha que traça o caminho de todos os que se conformam com o “tem de ser”, “a vida é mesmo assim”, “tiras um bom curso, arranjas trabalho e tudo corre bem”. Chegou uma altura em que decidi questionar se os meus interesses, os genuínos, estariam efectivamente alinhados com o “que deve ser”. Pensava todos os dias que a vida teria de ser muito mais do que isso, que existiam milhares de sítios para descobrir e milhões de pessoas para conhecer. Pensei que tinha de fazer mais por mim e pelos outros. Um dia acordei e saí da rotina. Nesse dia também saí da linha e comecei a inspirar-me no desconhecido e no que ainda posso alcançar.
Quando começaste a viajar?
Não tenho uma vida repleta de viagens e até 2015 (aos 21 anos) só tinha ido a Espanha e à Bélgica em campeonatos de ginástica acrobática. Mas desde Setembro de 2015 já visitei 23 países.
- No Verão de 2015 fiz um interrail pela Europa, 8 países em 17 dias.
- Em 2016, durante 2 meses, fui voluntária num projecto do Serviço Europeu de Voluntariado na Croácia. Foram 2 meses de voluntariado, de Croácia, de Hungria, de Eslovénia, de Áustria e de Itália.
- A aventura seguinte mudou de continente e voou para a Ásia. Ensinei inglês no Vietname e pus as mãos à obra, literalmente, num trabalho de voluntariado no Nepal. Aumentei a adrenalina e lá fui eu, sozinha, porque quando se dá a volta ao mundo, dá-se a volta ao medo!
- Embarquei na 3ª ronda, a escolha foi o Norte da Europa, a Lapónia que foi a minha casa durante 6 meses. Por lá ainda fiz uma viagem pela Escandinávia, percorrendo a Noruega, Suécia, Dinamarca e claro, Finlândia. E não, não sou rica. O meu modus operandi em viagens é o low-cost e experiências de voluntariado e work-exchange.
O que te motiva a viajar?
Não tenho uma só motivação para viajar, para mim um lugar fora da rotina é motivo suficiente para me fazer à estrada. Motivo-me até para viajar de casa ao restaurante para um jantar com amigos. Tudo o que me motiva, para viajar ou mesmo em grande escala para viver, são os outros. É tudo o que há para descobrir no mundo, as coisas boas e as más. Não vou a um lugar por causa de um só motivo, muitas vezes nem tenho motivo nenhum em especial, não crio muitas expectativas e deixo aventura tomar o seu lugar. Para viajar a minha grande motivação é estar viva. Estarmos vivos devia ser motivação suficiente para corrermos atrás do que nos preenche.
Como equilibras o teu trabalho com as viagens?
Em 2016, decidi deixar o trabalho numa multinacional, pegar nas minhas poupanças e partir para um gap year. Durante o gap year não tive nenhuma atividade remunerada, tive sempre ligada a projectos de voluntariado e desta forma consegui ter muitas das despesas, como alojamento e alimentação, pagas (mais sobre este tipo de viagens). Na minha última aventura pela Finlândia, fiz também voluntariado mas comecei a organizar a minha vida como freelancer na área do marketing digital. Neste momento, estou parada nas grandes viagens e apostar na minha vida profissional para que num futuro, não muito longínquo, consiga tornar-me nómada digital para viajar e conseguir trabalhar ao mesmo tempo.
Viajas com amigas portuguesas? Ou viajas sozinha?
A maioria das vezes viajo sozinha. A minha 1ª grande aventura, o interrail, foi feito com companhia. Todo o meu gap year foi feito sozinha (ainda que tenha tido a companhia durante uns dias), andei pela Europa e Ásia sem amigos. Foram meses de muita descoberta, de viagens a solo. Gostei e gosto tanto de viajar sozinha que sou apologista que todas as pessoas deviam experimentar uma viagem a solo, pelo menos uma vez na vida. Não consigo explicar a sensação que é viajar e estar por nossa conta. É muito libertador! No meu blog de viagens, nowtrip.pt, tenho uma área dedicada a viagens a solo feitas por raparigas “ Solo travel é para miúdas ”.
Quantos países já visitaste?
Visitei 23 países desde 2015, entre grandes aventuras e escapadelas de apenas alguns dias. Viajar não é sobre números, é sobre liberdade.
Qual foi o teu país favorito até agora?
A Noruega tem uma lugar especial no meu coração (de pedra). Um país com uma natureza
de cortar a respiração, de acelerar o coração e de superação de barreiras. Nunca vou esquecer a minha viagem ao ponto mais a norte da Europa, na Noruega.
O que está na tua bucket list?
Não tenho uma, acho que tenho que fazer uma. Tenho tantas coisas que quero fazer mas nunca as escrevi, anda tudo a pairar na minha cabeça. Assim de repente, tenho o sonho de ir à Austrália e viver por lá uma temporada, assim como fazer uma viagem grande numa caravana. As vontades estão sempre a mudar, talvez daqui a uns tempos já nada disto entre na lista.
Qual foi o teu pior momento em viagem?
Não sei se é seguro dizer isto, não vá a coisa mudar de sentido mas não me lembro nenhum momento muito mau em viagem. No entanto, a única altura em que me senti um pouco a fraquejar foi quando fui roubada num quarto de uma guest house no Nepal, mas tudo se resolveu por isso nunca seria algo que me detivesse de continuar a viajar. Valeu me a coragem de enfrentar a situação, de manter o pulso firme e a confiança (falsa) que estava dentro de mim. No fim acabei por recuperar as minhas coisas e decidi mudar de alojamento às 10h da noite em plena capital do Nepal. Valeu-me a coragem que todos temos dentro de nós, somos sempre capazes de ultrapassar as maiores dificuldades.
Conta-me uma história engraçada que te tenha acontecido em viagem…
A minha sorte nas viagens é a parte mais engraçada de todas as aventuras. A viagem que mais me marcou até agora durou 3 dias e teve momentos maravilhosos. Fui ao ponto mais a norte da Europa, da Finlândia à Noruega num carro com mais 4 amigos, também voluntários e oriundos de 4 países diferentes. Era um carro russo a cruzar a Finlândia e a Noruega com passageiros de Portugal, Irlanda, República Checa, Rússia e Macedónia. Para entrar no North Cape é preciso pagar por cada pessoa dentro do carro, enquanto quem vai a pé ou de bicicleta não paga, arranjamos uma marosca e deixei-os a 1km da entrada e segui sozinha no carro para dar entrada e pagar apenas por uma pessoa. Foi um dos momentos em que me senti mais nervosa e mais feliz ao mesmo tempo, toda esta viagem foi uma aventura engraçada e regada a sorte. Se tiveres curiosidade sobre esta viagem podes ler mais aqui.
Qual é o teu próximo destino? E porquê?
Todo o lado. Não sendo possível, Rússia está nos planos de 2019. Vou visitar a minha amiga russa que conheci no voluntariado na Lapónia e quem sabe se depois não sigo para mais algum destino.
Instagram: @anateresandre
Podem ver mais sobre a Teresa no blog dela: nowtrip.pt
Obrigada Teresa por partilhares connosco o teu percurso e sobretudo a tua paixão por viajar. Nós cá estaremos para te ver crescer como nómada digital. 😀 Garotas: espero que tenham gostado e não se esqueçam de deixar os vossos comentários e sugestões pff.
Beijinho,
Daniela