Há cerca de um ano atrás, recebi a minha carta de aceitação para entrar numa universidade nos EUA. Sonhei com aquele dia durante tanto tempo que naquela manhã mal consegui acreditar que era verdade. Depois disso, todos vocês conhecem a história, mas vamos voltar no tempo. : D
Outubro 2017
Depois de me mudar para a Austrália em Setembro, um mês depois, minha vida começou a fazer sentido. Tinha casa, alguns amigos e um bom trabalho. Mas as boas vibrações não duraram muito (insatisfeita como sou, não poderia ter durado muito). Tinha encontrado um emprego muito bem remunerado, mas reclamava todos os dias que o emprego não me desafiava o suficiente; Morava a 15 minutos da praia num apartamento incrível, mas o meu colega colega de casa era muito rude; Conheci um rapaz muito bacano, mas depois de alguns meses, terminei o relacionamento porque eu só pensava em mudar-me para os EUA e ele não – quando uma pessoa quer, consegue mesmo arranjar defeito em tudo. Tudo parecia estranho na Austrália para mim. Parecia tão difícil ser feliz lá, quando na realidade eu tenho mesmo tudo para isso. Hoje, depois de mais um ano, acho que, embora eu tivesse a morar na Austrália « metade da minha cabeça / coração estava na minha vida de viajeira pela América do Sul (mais por aqui) e a outra metade estava no sonho que tinha de me mudar /estudar nos EUA».
Maio 2018
Eu estava tão confusa e ao mesmo tempo tão insegura sobre o que queria. Continuar a viajar parecia a resposta fácil para mim. Quando meu contrato de trabalho terminou, decidi reservar uma viagem para Bali com um moço que tinha conhecido no Norte da Austrália. À conversa com meus amigos, eu parecia sempre empolgada por voltar a viajar, conhecer um lugar novo, mas lá no fundo eu só queria ficar quieta/ sozinha. Porque não me ouvi? Depois de viajar sem parar por quase 2 anos, sentia-me exausta (física e mentalmente). Mas pensei, mais uma vez, que aquela viagem me traria mais clareza (o que não aconteceu, é claro).
Antes de voar para Bali, parei por 5 dias em Brisbane para visitar uma amiga com quem tinha estuado em França (mais aqui e aqui). A minha amiga morava a cerca de 1 hora do centro da cidade numa casa não muito longe do lago. Pela primeira vez em muito tempo, senti que só queria ficar ali: longe do barulho, longe das pessoas, longe de tudo.
Às vezes a vida dá-nos uns sinais/empurrões para ver se acordamos
Acreditem ou não, a viagem que tinha tudo para ser perfeita acabou por ser um desastre! SIM, isso mesmo. Não fiquei mais de 5 dias com o o moço com quem devia ter viajado 2 semanas (e acreditem, aqueles 5 dias / noites foram duros de aguentar), meu acampamento de surf não foi tão bom como esperava e acabei por ter um acidente de mota que me levou 6 meses para me recuperar. 6 MESES!!!! (falei disto tudo aqui)
Alguns dias depois, estava de volta a casa da minha amiga em Brisbane, longe de todos e de tudoÇ tal como eu desejei inicialmente. Embora a recuperação do meu acidente tenha sido dolorosa/longa, embora eu tenha deixado a Austrália muito mais cedo do que eu esperava, sei (hoje) que o acidente foi talvez uma maneira de Deus me questionar sobre aquilo que realmente queria para a vida: continuar aquela vida incerta de não saber o que fazer dia após dia ou sentar o meu rabinho e estudar novamente para os exames da universidade?
Novembro 2019
O acidente aconteceu em Junho, voltei para a Europa em Agosto e recebi minha primeira carta de aceitação de uma universidade nos EUA em Outubro. Hoje, quando olho para trás, só queria ter-me ouvido mais. Lá no fundo nós sabemos sempre o que queremos. Nada é perfeito na minha vida e espero que este post possa ajudar outras pessoas se estiverem numa situação semelhante à minha.
Beijinho,
Daniela